18 de set. de 2014

Um percurso

O trem chegou na estação Montparnasse. Estava adiantada para minha entrevista de trabalho. Na rua o céu estava azul como se o verão tivesse ressurgido roubando a cena do outono. As pessoas estavam reunidas na parte externa dos cafés. Todos voltados para a rua, conversando animados, tomando uma "limonade" ou "une pression" (chopp em francês) e olhando o movimento da rua.
Fui caminhando de Montparnasse até o Panthéon onde tinha minha entrevista. No meio do caminho resolvi passar pelo Jardim de Luxemburgo. As pessoas estavam sentadas tomando um banho de sol, lendo um livro ou observando as crianças bricarem no playground.

Ao chegar na praça do Panthéon, observei aquela bela construção que abriga os restos mortais de grandes homens e de somente uma mulher, a cientista e duas vezes ganhadora do Prêmio Nobel por seus estudos sobre a radioatividade, Marie-Curie.

Penso que tudo vai dar certo, mesmo se der errado...

Ao menos tenho tentado traçar o meu rumo pelos meus próprios méritos. Nada é fácil, mesmo quando parece ser.


Olhei o meu relógio e percebi que estava adiantada. Decidi entrar numa brasserie para tomar um "café au lait". A minha volta ouvia vários idiomas. Ao meu lado havia um grupo de americanos que tentava explicar para a garçonete que a conta deles estava errada. Ela fazia biquinhos, suspirava exasperada, sem entender nenhuma palavra.

Tentei ignorar o barulho a minha volta e abri um livro, esperando o tempo passar. Trinta minutos depois segui rumo ao escritório onde passaria minha entrevista. Meu coração estava desparado e eu tentando disfarçar meu nervosismo.

Ao sair sentia ter feito papel de doida. Sempre sinto isso quando passo por uma entrevista de emprego.  Talvez porque acho dificil falar sobre mim de forma neutra, formal e ao mesmo tempo tentando me vender, dar uma de interessante. Porém, parece que tudo correu bem e que transmiti uma boa impressão. Mas, sei lá! As pessoas são uma caixinha de surpresas.

Vou ter que esperar alguns dias ou para comemorar ou para chorar... De qualquer forma, se chorar, ao menos vou lavar minha alma. Depois, exugo minhas lágrimas, ergo minha cabeça e sigo rumo a uma nova batalha.

No trajeto de volta para casa, passo de novo pelo Jardim de Luxemburgo e de longe avisto a torre Eiffel. Lembro que percorri um caminho imenso até chegar aqui. Vivi muitas vidas em apenas uma. Isso me deu esperança , pois mais um capítulo do livro da minha vida começará a ser escrito.

Como disse Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena".

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