O cinema fabrica lembranças" (Jean-Luc Godard).
"La télévision fabrique de l'oubli.
Le cinéma fabrique des souvenirs"(Jean-Luc Godard).
Na minha última viagem ao Brasil, pude observar a emergência de uma nova classe média que constitui o novo público dos serviços de televisão por assinatura (antes reservado à elite). Mas, infelizmente também observei o quanto a qualidade do conteúdo dos canais por assinatura decaiu. Ora, parece que no Brasil a TV precisa seguir a norma de "cultura de massa". A TV brasileira esforça-se em ser simplista, sensacionalista e estimula os sentimentos menos elevados do ser humano através de temas como violência, sexo, vaidade, etc.
Aqui na França também alguns canais de TV tentam bestializar as pessoas (ou será que são as pessoas que bestializam a TV????). Porém, a TV aberta e PUBLICA (sim pública! cada contribuinte paga uma taxa para beneficiar desse serviço) é ao menos diversificada. O telespectador pode escolher entre vários canais. Existem canais para todos gostos. Por um lado, há canais que abrangem um público menos intelectual ou simplesmente à procura de um entretenimento simplório, tais como reality shows, novelas (de uma qualidade inferior às novelas brasileiras, no meu ponto de vista!). Por outro lado, há canais com um conteúdo de qualidade, com programas culturais, documentários.
Não se pode esquecer de ressaltar que a televisão transmite tantas informações desnecessárias e aborda temas jornalísticos tão efêmeros que não tardam a cair no esquecimento. Um dia a manchete principal em todos os canais é um caso de corrupção, um assassinato brutal, um genocídio que indigna a comunidade internacional. No outro dia, um novo escândalo vem à tona e rouba a cena da manchete anterior .
Ao contrário da televisão, o cinema não permite o esquecimento. Ele nos ajuda a guardar lembranças...
Para mim o cinema é um complemento da literatura. As vezes podemos assistir à um filme que trabalha com a intertextualidade, ou seja com a relação que se estabelece entre dois textos quando um deles faz referência a elementos existentes no outro. Esses elementos podem dizer respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo forma e conteúdo (Fonte: http://www.dicionarioinformal.com.br/intertextualidade).
A leitura de um filme é mais simples que a leitura de um livro, pois não nos demanda tanta imaginação. Por exemplo, não perdemos tempo constituindo fisicamente os personagens, os lugares, compondo mentalmente uma trilha sonora para nossa leitura...Assistir à um filme corresponde ao imediatismo e necessidade de fazer mil coisas simultaneamente da sociedade moderna. Ler um livre pode levar no mínimo uma dia inteiro e assistir a um filme no mínimo uma hora. Concordo que a leitura constrói o ser, seu intelecto, seus pensamentos. Mas, acredito que o cinema (de qualidade não o cinema comercial!) também colabora com essa construção, nos permitindo de viajar para lugares exóticos - que jamais imaginaríamos poder conhecer- revisitar lugares familiares através o olhar de um outro, descobrir novas culturas e, também, escutar outras línguas (quando assistimos à um filme em versão original, claro! Filme dublado é horrível!).
O cinema alimenta a alma, estimula nossos sentidos. Essa idéia vai ao encontro da analogia que diversos poetas e romancistas fazem entre os olhos e a alma (" os olhos são a janela da alma").
Portanto, deveríamos ser mais cuidadosos e exigentes com o que assisitimos no cinema ou na televisão. Como nos alerta a poeta Patricia Francetto:
"Os olhos são as janelas da alma...
Escolha com cuidado e carinho o que deixa passar pelos olhos para que sua alma
não seja contaminada e seu coração embrutecido..."Escolha com cuidado e carinho o que deixa passar pelos olhos para que sua alma
Nenhum comentário:
Postar um comentário