A concentração começou bem cedo na praça République com o ensaio da batucada e a presença de bahianas. De lá caminhamos até a igreja Madeleine onde as baianas molharam com água de cheiro os degraus da escadaria, gesto simbólico de purificação.
Foi um evento muito alegre que me fez matar as saudades do Brasil e do carnaval, porque além do show de percussionistas havia também um trio elétrico. A cantora que fez todos tirarem o pé do chão foi Daniela Mercury que cantou algumas das melhores músicas de carnaval.
A multidão era composta de brasileiros, franceses e, também de turistas, que se surpreenderam com o evento e decidiram seguir a corrente. Eu me senti orgulhosa da apresentação da nossa cultura mestiça! Importante ressaltar para os brasileiros que ignorem, a Lavagem do Bonfim na Bahia é um simbolo da cultura afro-descendente e do sincretismo religioso.
A atmosfera era, como se diz em francês, bon enfant. O público era bastante heterogêno, havia desde mães com seus filhos até travestis (não se assuste, na França há uma comunidade importante de travestis!). Enquanto, caminhava e dançava ao som do "Ilê Ayê", fui observando tudo ao meu redor. Engraçado essa mudança de décor e de contexto: pular carnaval em pleno mês de setembro na França (super exótico para uma brasileira!). O mais bacana foi poder sentir o quanto era contagiante a presença daquela multidão e da música que ecoava pelas ruas de Paris. A música atraia os passantes; idosos observavam tudo nos bancos das calçadas; curiosos abriam a janela "para ver a banda passar tocando coisas de amor" e os filhos de brasileiros, nascidos na França, descobriam a cultura de seus pais encantados.
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